Os professores do CMEI Chapeuzinho Vermelho se reuniram com os pais para alertar sobre o descumprimento de normas por parte do executivo e uma possível suspensão das atividades
Gabriela Melo
Nesta sexta, 21, professores do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Chapeuzinho Vermelho se reuniram com pais e representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet) para falar sobre as dificuldades decorrentes do número excessivo de alunos em sala de aula, acima do que determina a própria Secretaria Municipal de Educação (Semed). Na ocasião, os professores explicaram os problemas enfrentados pela categoria, com a impossibilidade de planejar as atividades pedagógicas devido à substituição de docentes por monitores e falta de estrutura. Os representantes do Sintet afirmaram que levarão a conversa a outros CMEIs. Os pais, por sua vez, demonstraram apoio aos professores.
O vereador professor Júnior Geo foi convidado pelos professores a presenciar a conversa e contribuir com as demandas. Para Geo, a situação dos educadores municipais tem se agravado após a aprovação do projeto de lei que prevê a substituição de docentes por monitores sem a exigência de habilitação na área pedagógica. A aplicação da nova lei teria gerado dificuldades devido à falta de profissionais interessados em assumir o cargo, que paga cerca da metade do valor recebido pelos professores.
Os pais também têm buscado a solução dos problemas em apoio aos professores e se veem prejudicados com a carência de profissionais. “Estão economizando na educação, na formação inicial para não pagar um salário justo aos professores, sendo que esse salário já não é muito alto. O CMEI não é apenas uma creche, é a formação inicial do meu filho e tem que ser bem olhado. Não discrimino os monitores, mas precisamos da formação e acompanhamento adequado aos nossos filhos. Nós pais também estamos sendo prejudicados”, disse a mãe Mayara de Sousa.
Discussão em plenário
Os vereadores levaram a situação ao plenário na última quinta-feira, 20, e a discussão gerou desconforto. Júnior Geo afirmou que além de inconstitucional, a lei não tem sido aplicada devido à ausência de processo seletivo na escolha dos monitores.
O líder do governo Folha (PTN) afirmou em tribuna que sobram vagas em CMEIs e acusou Júnior Geo de ir às escolas para provocar a desordem na educação, de incitar greve e colocar a população contra o executivo. Cogitou também a possibilidade de levá-lo a comissão de ética para fazer uma avaliação criteriosa sobre o comportamento do vereador. Júnior Geo pediu cuidado com as afirmações indevidas.
O vereador Joaquim Maia (PV) se manifestou contra os argumentos de Folha. Maia afirmou que ainda nessa semana, o próprio município admitiu em entrevista que tem uma demanda reprimida de 914 crianças cadastradas, o que é contraditório, tendo em vista os dados apresentados por Folha. Joaquim Maia também argumentou quanto a acusação direcionada a Júnior Geo.
“A presença do vereador nos CMEIs acompanhando os problemas é fruto de uma demanda da população. Demandas todos os vereadores recebem de diversos setores. Se tivesse me chamado hoje no CMEI, eu teria ido não para criar atrito, mas com o objetivo de encontrar soluções. Tenho certeza que a caminhada do vereador Júnior Geo não é diferente”, afirmou Maia.
Por fim, Júnior Geo clamou aos colegas que se sensibilizem com a situação. “Peço aos colegas para revermos o problema em conjunto com a secretaria. Se a lei não vier a cair, que ao menos a secretaria de educação cumpra a lei, fazendo processo seletivo e cuide da educação das nossas crianças com o devido respeito”.